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|Histórias por aí| Como foi a viagem de carona pelos Estados Unidos

Nome: Paola Barbosa
Site: www.curtaocaminho.com
Instagram: @barbosapaola

Se existe um lugar perfeito para viajar de carro, é os Estados Unidos. Com mais de 6 milhões de quilômetros em estrada, o país é dono da maior rede rodoviária do mundo. A I-95 é uma das interestaduais mais importantes que corta o país de norte a Sul pela costa leste. Essa foi a rota de uma roadtrip tão louca quanto inesquecível, cenário para uma viagem de carona pelos Estados Unidos

O plano era sair de Miami e seguir até Nova York, com paradas estratégicas em algumas cidades da Georgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virginia antes de chegar nas mais conhecidas, como Washington DC, Filadélfia e Nova York.

Se por um lado a estrutura rodoviária é um convite para explorar o país dirigindo, por outro, os preços para alugar um carro dão um balde de água fria em quem viaja com pouca grana. Criei um evento no Couchsurfing para recrutar companhia para dividir a aventura e também o aluguel do carro. Foi aí que conheci o Luca, um italiano que viajou por 3 anos da Patagônia
até o Canadá, passando por todos os lugares que você pode imaginar, incluindo Macapá e Acre. Tudo isso de carona. Ao todo foram 723, um número que ele guarda com bastante precisão e orgulho.

Nos encontramos em Miami, onde fomos recebidos por uma família de cubanos que nos acolheu por 5 dias numa casa linda com muito carinho e muita comida <3 Foi o tempo para conhecer Miami e organizar a viagem até NYC.

O problema é que mesmo dividindo os custos, pagaríamos quase U$1000,00 cada. Sem chance! O cenário contribui para que eu tivesse uma experiência de viagem bem raiz, afinal, não foi à toa que a vida colocou um expert em caronas no meu caminho. O jeito foi ir para a estrada, levantar o dedão e ver no que dá.

De Miami até Saint Augustin (Flórida)

Lição número 1 para novatos em carona: acorde bem cedo e saia dos centros urbanos. Portanto, pegamos o trem que sai de Miami até a última parada, um pouco depois de West Palm Beach, e caminhamos até a rampa de acesso à rodovia, já que nos Estados Unidos, diferente de outros países, é proibido ficar no acostamento.

O começo foi mais fácil do que o esperado, apesar de termos percorrido distâncias curtas com 4 caronas diferentes num período de 5 horas. O último carro nos deixou num posto de gasolina chamado Flying J, onde passamos cerca de 6 horas repetindo a mesma apresentação: “Estamos viajando até NYC. Se você estiver indo sentido norte, poderia nos dar uma carona?”.

Diferente dos motoristas de carro, os caminhoneiros ao menos estavam mais dispostos a nos ouvir e até demonstravam interesse em nossa aventura. O problema é que a maioria dirige para grandes empresas que não permitem “convidados” no banco do passageiro (e como tem câmera, nem adianta insistir). Foi aí que conhecemos o Jimmy, um cara gente
finíssima. Naquele momento, nossas rotas não coincidiram, mas trocamos contato para garantir uma carona no futuro.

Eu já tinha me acostumado com a ideia de passar a noite no posto quando o Luca achou um caminhoneiro disposto a nos levar. Finalmente! Rodamos 2 horas e meia até outro Flying J na cidade de Saint Augustin, ainda na Flórida. Como já estava tarde, o jeito foi dormir por lá mesmo. Para minha sorte, o Luca dividiu sua barraca comigo e eu tinha comprado uma jaqueta de frio, que serviu de colchão e travesseiro.

De Saint Augustin a Charleston

A próxima parada era Charleston, na Carolina do Sul, onde tínhamos Couchsurfing garantido. Deixamos de conhecer Saint Augustin e outras cidades na Georgia por falta de hospedagem. Sem contar que algumas cidades dos Estados Unidos não têm hostels (ô país difícil para mochileiros).

Lá se foi outro dia no Flying J esperando uma boa alma. Apesar de ser um ponto estratégico por concentrar viajantes de carro, motorhome e caminhoneiros que, além de abastecer, também passam a noite, ficou claro que mochileiros de carona não são bem recebidos pelos americanos. Pelos olhares tortos, percebi que muitas vezes somos confundidos com homeless (pessoas sem teto, ou mendigos) que costumam rondar estabelecimentos
comerciais. O lado bom é que ganhamos $55,00! Além disso, viajar de carona por lá é automaticamente associado a algo perigoso (tanto para quem oferece como para quem pega).

Conseguimos outro caminhoneiro que nos deixou em Saint George, uma cidadezinha a 80 quilômetros de Charleston. Tentamos a sorte, mas acabamos passando a segunda noite no posto. Dessa vez, dentro de uma lanchonete porque estava um frio danado para acampar. No dia seguinte, fomos atrás de um ônibus que supostamente ia até Charleston, mas pelo
jeito era lenda. Lá se foram outras boas duas horas até encontrar uma família que nos levasse até nosso destino. Ufa! Pelo menos as duas noites seguintes passamos com um anfitrião super bacana, um descanso mais que merecido.

De Charleston a Richmond (Virgínia)

Por sorte, havia duas outras meninas francesas hospedadas na mesma casa que nos levaram de carro até o posto mais próximo. Voltemos à saga. Dessa vez, seriam outros 683 quilômetros até Richmond. A primeira carona foi num carro abarrotado com 3 rapazes e muita bagagem. Ainda assim, eles fizeram questão de abrir espaço para nós. A segunda foi um moço super simpático que ainda pagou uma janta. A última foi com outro caminhoneiro. O problema é que ele tinha tempo para fazer uma entrega e não podia parar no centro da cidade para nos deixar. Resultado: dormimos na cama de cima da cabine do caminhão.

Imagina o conforto… No dia seguinte, ele nos deixou no centro de Richmond e passamos dois dias curtindo a cidade (e dormindo numa cama de verdade).

Washington, Filadélfia e Nova York

Por questões de tempo, logística e promoções da Flixbus, os trajetos Richmond- Washington- Filadélfia fizemos de ônibus. Considerando a queda na temperatura, foi uma decisão muito sábia. Além das cidades, eu estava curtindo o alívio de não ter que tomar outro chá de cadeira no posto ou ser ignorada na estrada. Em Filadélfia ficamos com um casal de amigos do Luca que nos recebeu como membros da família. Um bom, e merecido,
descanso. Dessa vez, deu certo de encontrar o Jimmy, o caminhoneiro que conhecemos na Flórida, e fomos com ele até Nova York, onde ficamos outros 4 dias e nos despedimos. Depois cada um seguiu seu rumo, mas a aventura ficou, assim como todo o aprendizado dessa jornada.

Quanto custou a viagem:

  • 5 cidades em 15 dias
  • 1563 quilômetros com 11 caronas
  • Custo com hospedagem: U$ 0 (Viva o Couchsurfing!)
  • Custo com transporte: U$15,00 (dois ônibus)
  • Bônus: U$55,00 que ganhamos das pessoas que confundem mochileiros com mendigos

Deu para ver que viajar de carona pelos Estados Unidos não é fácil, né? Se alguém me perguntar se eu faria isso de novo, vou dizer que não. Acho que essa é uma daquelas “once in a life time experience”. Ah, e só tive coragem de fazer isso porque eu estava com o Luca. Sozinha não tenho as manhas (ainda).

Apesar das dificuldades, na minha opinião o saldo foi positivo. Afinal, depois de todos os anfitriões do Couchsurfings, famílias que nos “adotaram” e pessoas incríveis que nos ajudaram pelo caminho, só consigo ver como o bem supera o mal. Claro que a televisão, e muita gente, vai te dizer o contrário, mas apesar de todos os cuidados básicos necessários, essa viagem me mostrou como pensamento positivo só atrai coisas e pessoas positivas.

Os números provam que é possível viajar barato pelos Estados Unidos, né? Apesar disso, ganhei muito mais que apenas a economia de dinheiro. Ganhei fé na humanidade. E isso não tem dinheiro que compra.

**Fonte: https://www.roadtraffic-technology.com/features/featurethe-worlds-biggest-road-networks-4159235/

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