É um fato que todos os setores – tanto de produtos quanto de serviços – entraram em crise com a descoberta do Coronavírus. E não foi diferente no ramo da aviação. Parece inacreditável que duas concorrentes se tornaram parceiras em tempos de crise, mas é verdade. Dia 16 de junho, a parceria entre Azul e Latam foi anunciada: um acordo de compartilhamento de voos (codeshare) e dos seus programas de milhas durante a quarentena.
Essa foi a forma que as companhias encontraram para otimizar sua estrutura e diminuir custos, mas isso vou falar mais para a frente deste artigo. A estratégia, que passa a valer partir de agosto, foi vista como benéfica pelas empresas. Mas, afinal, o que isso muda para nós, viajantes?
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O que significa a parceria entre Azul e da Latam?
Vamos começar esse tópico esclarecendo que essa parceria não se tornará uma fusão permanente das companhias, segundo John Rodgerson, presidente da Azul, em coletiva.
Em comunicado, a Latam explicou que o acordo de codeshare serve apenas para linhas domésticas, ou seja, voos nacionais, e que isso inclui – inicialmente – 50 rotas de/para Brasília (BSB), Belo Horizonte (CNF), Recife (REC), Porto Alegre (POA), Campinas (VCP), Curitiba (CWB) e São Paulo (GRU). Isso oferece a nós, clientes, novas oportunidades de conexão, já que alguns trechos feitos pela Azul não eram feitos pela Latam e vice-versa.
Como isso funciona na prática?
Com essa junção das companhias, os bilhetes para check-in e despacho de bagagem serão compartilhados e estarão a venda a partir de agosto.
Já que a malha aérea e a frota de aeronaves da Azul e da Latam são complementares, a junção aumenta a oportunidade de trechos com essas companhias, além de expandir a demanda de passageiros em cada rota. Com apenas um despacho de bagagem e uma passagem (com conexão ou escala), será possível voar de Azul e de Latam em uma mesma viagem.
Outro benefício dessa fusão é o programa de milhagens, que funcionará de forma diferente. Agora, os 12 milhões de associados do programa TudoAzul e os 37 milhões de membros do Latam Pass podem escolher qual programa de pontos irá acumular as milhas de cada voo e, também, de qual companhia aérea irão resgatar os seus pontos.
A guerra entre essas companhias não vai mais existir, o que faz com que a oferta de voos seja diminuída e, consequentemente, a competição de horários vai diminuir. A Latam agora atenderá destinos regionais que antes não atendia, e a Azul vai poder levar seus passageiros para destinos internacionais.
Existem desvantagens nessa parceria?
Estava aqui pensando… Os custos serem menores para as empresas significa também que as passagens ficarão mais baratas? Afinal, a demanda de passageiros diminuiu. O público corporativo, muito presente na ponte aérea, vai diminuir também, considerando os cuidados que as empresas vêm tomando. Será que isso não fará o preço disparar?
Em 2003, a TAM e a Varig se uniram em codeshare também. Essa parceria surgiu após a demanda de viagens diminuir após os atentados terroristas de 11 de setembro, nos EUA. O acordo – que durou cerca de dois anos – buscava evitar que as duas empresas quebrassem, mas, para isso, o valor das passagens acabou aumentando significativamente.
Isso significa que agora vai ser assim também? Não necessariamente. Naquele momento, o país não estava vivendo uma pandemia e os cuidados – fundamentais hoje – não eram os mesmos.
O fato é que o mercado aéreo volta a operar de forma gradativa nos próximos meses, então só isso poderá dizer quais as desvantagens que o codeshare da Azul e da Latam podem trazer a nós, passageiros.
Sei que todos nós estamos com saudades de viajar, mas lembre-se: o Coronavírus é um vírus extremamente contagioso e transmissível mesmo sem os sintomas aparentes. Portanto, é muito importante seguir as orientações do Ministério da Saúde e da OMS.